Representações de Deus: uma análise comparativa entre as obras O Pagador de Promessas e Auto da Compadecida

Resumo

As representações de Deus na literatura ocorrem desde os tempos mais remotos, nos mais diversos âmbitos literários. Nas décadas de 1950 e 1960, a Igreja Católica passava por mudanças influenciada pelo sincretismo cultural existente no Brasil. Dessa forma, por seu caráter pedagógico, as peças teatrais passaram a retratar não só o cenário religioso, como também o comportamento do povo. Nesse contexto, a construção de alguns personagens, no teatro, apontou para concepções presentes na Bíblia. Este artigo propõe-se a analisar comparativamente as obras O pagador de promessas (2002), de Dias Gomes, e Auto da Compadecida (2013), de Ariano Suassuna. Ambas apresentam personagens construídos à luz dos textos sagrados, no entanto, sob perspectivas diferentes. Através da análise, objetiva-se explorar as diferenças na abordagem religiosa vinculada à ideia de Deus, a fim de compreender a relação entre o conteúdo das obras e os textos sagrados. Além disso, espera-se elucidar o modo como se dá a construção da divindade nas duas peças e identificar as estratégias escolhidas pelos autores para vincular textos sagrados à ficção. A pesquisa visa a contribuir para a expansão dos estudos literários relacionados à análise de peças teatrais, tendo em vista a falta de recursos sobre as obras nos principais manuais de literatura do país.