Literatura e Cinema: O Monstro Invisível do Feminicídio em O Homem Invisível (2020)
DOI:
https://doi.org/10.35819/linguatec.v7.n1.5937Resumo
Em 1887, o escritor britânico H.G. Wells publicou O Homem Invisível, obra narrativa que mescla elementos góticos e de ficção científica. Como o título sugere, a narrativa traz um cientista que, após alguns experimentos, fica invisível, sendo considerado uma espécie de monstro pelas demais personagens. Assim como outros romances do século XIX, como O Médico e o Monstro, de Robert Louis Stevenson, e Frankenstein, de Mary Shelley, experimentos científicos são usados como mote para retratar os medos da sociedade da época, que vivia em um momento de constantes descobertas científicas e inovações tecnológicas, como o cinema, o automóvel e o telefone, dentre outras. O presente trabalho tem como objetivo analisar o romance de H.G. Wells e respectivas adaptações cinematográficas dessa obra, para entender mais a fundo a relação entre temas explorados em narrativas góticas e problemas da sociedade. Segundo Steven Bruhm (2002), o Gótico serve como um barômetro que mede as ansiedades que assolam determinadas culturas em diferentes contextos. Levando isso em conta, é significativo observar que muitas obras narrativas, quando transpostas para outros contextos, tenham muitos de seus temas atualizados. O filme O Homem Invisível, de 2020, transpõe a narrativa do romance para o séc. XXI, através de um processo de Aproximação Cultural (Genette, 1997), no qual o homem invisível do título passa a ser antagonista da narrativa e algoz de sua ex-esposa, protagonista do filme. Nessa adaptação, percebe-se a atualização do medo, que no romance girava em torno das possibilidades científicas da invisibilidade e que no filme gira em torno da violência doméstica e feminicídio, problemas da atualidade evidenciados por estatísticas contemporâneas. Portanto, releituras que ressignificam obras que causavam terror no público na época de seu lançamento são importantes para que continuem a dialogar com o público contemporâneo.
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Copyright (c) 2022 Dudlei Floriano de Oliveira, Gabriel Abech Leindecker
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