Entre o espaço doméstico e o espaço social: uma leitura do romance A Vida Invisível de Eurídice Gusmão (2016), de Martha Batalha
DOI:
https://doi.org/10.35819/linguatec.v8.n2.6627Resumo
O romance A Vida Invisível de Eurídice Gusmão (2016), de Martha Batalha, aborda, entre outras questões, as respectivas limitações sociais impostas nas relações de gênero, principalmente mediante as dinâmicas domésticas entre a protagonista da narrativa, Eurídice, e seu marido Antenor. Ao enfatizar os ambientes pelos quais circulam as personagens, o livro evidencia o simbolismo do espaço da narrativa como potencializador das possibilidades e obstáculos socialmente impostos a homens e a mulheres, seja em locais públicos, como escritórios, ou privados, como a cozinha. Dentro dessas ambientações públicas e privadas, observa-se, também, a gradação de espaços menores, como gavetas, igualmente representativas de outras características psicológicas das personagens. Gaston Bachelard, em A Poética do Espaço (1978), argumenta que a ambientação literária apresenta diferentes matizes de personalidade e de metáfora na literatura. A permissão ou restrição de frequentar determinados espaços em razão do gênero corrobora as preocupações, apontadas por Simone de Beauvoir em O Segundo Sexo (1980), de que a sociedade permite ao homem transitar por entre distintos lugares, enquanto à mulher cabem lugares restritos e predeterminados, numa atribuição social de irrelevância e invisibilidade. Por meio de uma leitura sobre gênero e espaço no romance analisado, este trabalho busca estudar a relação entre os diversos espaços ocupados pelas diferentes personagens da obra e o simbolismo que esses espaços representam.
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