As cartas de Clarice em Nápoles: um estudo sobre mensagens de uma voz distante
DOI:
https://doi.org/10.35819/linguatec.v8.n2.6578Resumo
A escrita epistolar consagra a literatura ao ser perpetuada por textos que viajam pelo mundo inteiro, sobretudo em períodos conturbados da sociedade, seja ela antiga ou atual, e que possuem como conteúdo aquilo que a distância até então não permitia esclarecer. Clarice Lispector utiliza as cartas para se comunicar com seus amigos e, principalmente, refletir sobre suas leituras. Com o objetivo de compreender mais sobre a relação das leituras com a escrita de Clarice, selecionamos como objeto de estudo quatro cartas da autora presentes em Todas as Cartas (2019) e datadas em um período de dois anos. As referidas cartas foram compiladas a partir de seus conteúdos e tinham o mesmo destinatário e nelas estavam registradas as leituras de obras escritas sobre e por mulheres que Clarice foi adquirindo durante sua estada em Nápoles. Como embasamento teórico, utilizam-se a teoria Feminista da Literatura, a partir dos postulados de Simone de Beauvoir, Virginia Woolf e Mary Wollstonecraft, e a teoria Psicanalítica, observando principalmente o símbolo, conforme Ruth Silviano Brandão e C. G. Young. O texto organiza-se em duas partes: a primeira destinada a apresentar a ida de Clarice a Nápoles, bem como sua breve experiência por lá; a segunda destinada às descrições das leituras realizadas, discutindo a forma como se relacionam à vida e obra da autora. Os resultados obtidos revelam uma Clarice que sofreu com a partida de seu país e que usou a literatura de mulheres como veículo para aproximar-se de si mesma e de outras pessoas consigo mesma.
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