Sementes crioulas: Resgate dos saberes tradicionais locais

Autores

  • Karine Mariele Kunz Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Ibirubá
  • Raquel Lorensini Alberti Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Ibirubá
  • Eduardo Montezano Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Ibirubá

Palavras-chave:

Sementes Crioulas, Saber Popular, Autonomia

Resumo

A semente além de ser um alimento, representa muito mais, pois retrata a cultura de cada comunidade, já que é por meio da alimentação que um povo expressa sua cultura seu modo de viver. O resgate, a guarda, e a reprodução das sementes crioulas têm proporcionado novo alento na resistência ativa contra o patenteamento da vida e a erosão genética promovidos pelas empresas capitalistas multinacionais que controlam as sementes transgênicas. Ao mesmo tempo que se resgatam as sementes crioulas são também recuperados saberes, espaços socioculturais, ritos, mitos e significados que ficaram “sepultados” na história. Dessa forma justifica-se o presente trabalho que tem como objetivo analisar a representação social das sementes crioulas em propriedades familiares rurais, resgatar os saberes populares, catalogar e criar um banco de sementes crioulas no campus Ibirubá, coletar, preservar, guardar, replicar, distribuir e permutar sementes crioulas. A metodologia consta do contato com organizações formais e não formais, movimentos sociais, instituições públicas e privadas, visitas a propriedades rurais que possuem sementes crioulas, além da participação em feiras de sementes crioulas, a fim de contatar com os produtores. A catalogação das sementes já coletadas, por meio de visitas a propriedades rurais e feiras de sementes crioulas, constituem uma coleção bastante representativa, em que conta-se com sementes de feijão, porongo, esponjo vegetal, batata, cana-de-açúcar, pepino, melão, milho, chuchu, ervilha, entre outras. Neste mês de setembro, iniciou-se o plantio de algumas sementes, para que possam ser replicadas e socializadas. Os resultados, obtidos até então, legitimam a relevância do projeto e ao mesmo tempo, explicitam a responsabilidade das Instituições de Ensino Público, particularmente as que possuem cursos na área das agrárias, para que se debrucem em torno do tema, pois caso contrário, estaremos reproduzindo exclusivamente o modelo hegemônico de agricultura. O trabalho nos permite concluir que a conservação das sementes crioulas pelos produtores rurais representam o desprendimento das relações impostas pelo sistema capitalista de produção e denotam uma relação harmoniosa com a natureza, no entanto as sementes crioulas estão sendo maciçamente substituídas pelas sementes híbridas e, mais recentemente, pelas sementes transgênicas, no entanto é preciso lembrar que as sementes crioulas são patrimônio de toda a humanidade as sementes transgênicas foram criadas e são propriedade privada de grandes empresas, principalmente multinacionais.

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Publicado

2015-11-30